Atuando há 24 anos como Promotora de Justiça no MP-MS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul), Ana Lara Camargo de Campos ingressou no serviço público em 1997 e, desde então, vem desenvolvendo trabalhos variados em prol da população, em especial no recorte de gênero, chamando a atenção para as variadas formas em que as mulheres estão expostas e vulneráveis, inclusive no ambiente digital.
Ana Lara Campos atuou por cerca de 10 anos no combate e prevenção de delitos na grande rede como stalking, cyberbulling e extorsão sexual virtual (sextorsion), ela é autora de livros que dialogam com os crimes que circundam as mulheres na internet, onde as estruturas patriarcais se estabelecem, também, em rede.
Em “Stalking e Cyberstalking: Obsessão, Internet, Amedrontamento”, a autora busca apresentar as facetas dos termos “stalking”, cyberstalking” e “cybercrimes”, traçando os perfis dos “stalkers” e fazendo com que as pessoas leitoras consigam compreender a problemática acerca das vítimas e as consequências oriundas desses crimes; além de analisar as Leis e projetos vigentes no país que tratem sobre o assunto.
Já no livro “Exposição Pornográfica Não Consentida na Internet”, Ana Lara fala sobre o conceito desse fenômeno e suas variações, como o bullying, cyber extorsão, sextorção, pornografia de vingança, e demais derivações. A autora, com demais escritores, traça aspectos históricos, sociológicos, jurídicos e de política criminal, visando aprofundar os estudos e pesquisas sobre a temática, em um alerta social às possíveis exposições tecnológicas futuras.
Além das obras que fomentam as discussões jurídicas e acadêmicas sobre os crimes em rede, a promotora também estuda temas ligados à violência contra a mulher, desenvolvendo reflexões históricas sobre as variadas agressões de gênero, mostrando que a vulnerabilidade feminina está enraizada no país desde os tempos coloniais, e promovendo saídas para que as vítimas possam se livrar dos ciclos de violência.
Ana discorreu em artigos sobre as estruturas fixas das quais as mulheres são vistas e inseridas na sociedade, pois, historicamente, aos homens têm sido reservados os espaços públicos, oficiais. Às mulheres se destinam os espaços privados, domésticos”. Uma das mudanças para esse cenário, segundo a promotora escreveu em “Just like a woman”, seria a própria mulher passar a amar e respeitar o próprio gênero, educando as crianças como iguais nos direitos e nos deveres do lar e da rua e que haja sororidade para com outras mulheres para reconhecer a si mesma como ser humano.
Em conjunto com demais promotores, Ana Lara realizou a cartilha do MP-MS, “Mulher, Vire a Página”, também reconhecida pelos Ministérios Públicos dos outros estados brasileiros, na qual apresenta reflexões sobre as causas, formas e ciclos da violência, informando acerca das medidas protetivas de urgência e serviços da Rede de Atendimento, para apoio, orientação e acesso aos direitos – tanto em relações heterossexuais quantos para os relacionamentos homoafetivos.
De acordo com a Promotora em entrevista ao MP-MS, denunciar os casos traz uma mudança de paradigma frente à ideia de que as vítimas são as próprias condutoras e responsáveis pelos sofrimentos.
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