Estudar o meio social e a relação do Estado para com a sociedade civil é fortemente presente nas linhas de pesquisa da antropóloga Andressa Morais Lima, assuntos, esses, que permeiam sua trajetória acadêmica e profissional. Sua área de atuação também se encontra na antropologia política e teoria crítica do reconhecimento, tendo acumulado experiência em projetos ligados aos direitos humanos e Centro de Referência da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte). Nos últimos sete anos, Andressa teve artigos publicados em revistas acadêmicas com assuntos ligados ao recorte de gênero, inclusive no que diz respeito ao impacto da pandemia do novo coronavírus na vida das mulheres brasileiras.
Graduada em Ciências Sociais pela UFRN, a pesquisadora obteve o título de mestra em Antropologia Social em 2012, pela mesma Universidade, ao dissertar sobre as pessoas que ocupam prédios em estado de abandono a fim de reutilizá-los, em Fortaleza, no Ceará. No que consistiu em coletar dados sobre os membros do coletivo Okupa Squat Torém, no intuito de observar quais sentidos são atribuídos à prática da ocupação pelos okupas, dentro dos seus valores coletivos.
Nos anos que seguiram ao mestrado, Andressa teve participações significativas em observações sociais, como sua participação na pesquisa da publicação da Senad/MJ (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça) sobre o uso de drogas por brasileiros, em “Crack e exclusão social”, de 2016, onde Andressa realizou pesquisa empírica com pessoas que fazem uso de entorpecentes, visando apreender os comportamentos, valores, práticas, maneiras de pensar, sentir e agir de perfis individuais de usuários de crack.
Além dos artigos de própria autoria, Andressa também colaborou em textos que revisam o olhar social e o recorte de gênero e atuou profissionalmente e em pesquisa no Centro de Referência em Direitos Humanos da UFRN, entre 2013 e 2015 e participou da equipe de pesquisa do Projeto Radiografia do Brasil Contemporâneo (2015), coordenado e financiado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Já em 2020, sendo bolsista do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Andressa concluiu o doutoramento em Antropologia Social pela UnB (Universidade de Brasília), apresentando a tese etnográfica das práticas de advocacia feminista e antirracista na Bahia, partindo da organização TamuJuntas, que presta assessoria jurídica, psicológica, social e pedagógica gratuita para mulheres em situação de violência; onde Andressa procurou abordar as “diferentes estratégias de consolidação de uma justiça de gênero e de um feminismo jurídico construídas dentro de um campo relacional marcado por disputas e assimetrias de gênero internas às instituições nas quais atuam”.
Hoje, a antropóloga participa dos grupos de pesquisa CAJU/UnB (Laboratório de Estudos da Cidadania, Administração de Conflitos e Justiça), GPS/UFRN (Grupo de Pesquisa Social da UFRN) e INCT-INEAC/UFF (Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos), além de ministrar cursos de capacitação no SEMDES (Programa Patrulha Maria da Penha da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social), da prefeitura de Natal, do Rio Grande do Norte.
Com a chegada da pandemia causada pela Covid-19 no Brasil, Andressa se juntou à cientista social Lorena Moraes para elaborar o dossiê “A pandemia de Covid-19 na vida de mulheres”, convidando demais pesquisadoras e de diferentes estados brasileiros para falarem sobre gênero, regionalidade, interseccionalidade, trabalho e sexualidade no contexto pandêmico.
O dossiê foi abordado em entrevista dada ao Mulheres de Luta sobre os aspectos que a pandemia vem afetando a vida das mulheres brasileiras, bem como comentar sobre a ausência do Estado no cuidado social que é atribuído às mulheres e sobre as perspectivas em um futuro pós-pandemia para as mulheres.
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