Arquétipos femininos: a grande mãe, a mulher selvagem, a esposa, a guerreira e a bruxa

O conceito etimológico da palavra arquétipo pode ser compreendido como “modelo ou impressão original ou primária”. 

De acordo com o pai da psicologia analitíca, Carl Gustav Jung, arquétipos são “imagens primordiais” e para ele, imagens são “representações”, vivenciadas ou ativadas através de símbolos, narrativas, sensações, lembranças ou ideias.

Para Jung, o ambiente onírico é um dos locais onde essas imagens se manifestam, mas é possível acioná-los de outras formas.

Arquétipos possuem ao mesmo tempo uma parte fixa e outra que se encontra em constante transformação de acordo com o momento histórico e cultural em que vivemos. Eles se repetem em diversas culturas e épocas, sempre com uma roupagem nova. Arquétipos são vivos.

Assim, é importante salientar que através dos arquétipos entendemos nossa relação com o mundo, com os outros e conosco.

Existem múltiplos arquétipos femininos, embora alguns sejam mais “aceitos socialmente” do que outros, de acordo com a época e ambiente em que vivemos.

Essa seleção revela inclusive a opressão vivida pelas mulheres na sociedade patriarcal, na qual certos arquétipos do feminino foram abafados, aprisionados e até mesmo perseguidos.

A Grande Mãe, a Mulher Selvagem, a Esposa, a Guerreira, a Bruxa, todos eles nos trazem possibilidades de vivências que enriquecem nossa percepção sobre a vida. 

A maneira de vivenciarmos e reconhecermos esses arquétipos podem ser tão diferentes quanto as suas próprias variações. Além dos sonhos, esses arquétipos emergem em histórias mitológicas, nos clássicos contos de fadas, e atualmente invadem o cinema e se propagam no meio digital.

Mas, em uma sociedade cujos arquétipos femininos aceitáveis são limitados, a possibilidade da vivência do feminino acaba também sendo cerceada. A opressão sobre a mulher que ocorreu durante séculos, e que ainda acontece na pressão social de uma modelo estético e de comportamento que se espera do feminino, por exemplo, nos revela isso.

Ao vivenciamos esses arquétipos temos a possibilidade de promover a transformação em nós mesmos a partir da experiência dessa vivência, promovendo esse resgate. Quando isso ocorre passamos a ampliar nossas perspectivas a fim de termos uma vida mais plena.

O Arquétipo da Mulher Selvagem, por exemplo, pode ser vivenciado ao desenvolvermos nosso lado instintivo, intuitivo e natural, em consonância com os ciclos da natureza, sejam eles no movimento cíclico interno de nosso corpo, ou externo com os ciclos lunares. Ambos se aliam.

Mas existem outros arquétipos, inúmeros. Alguns pedem para serem vivenciados. Outros mais sombrios, solicitam serem abraçados e compreendidos, afinal, estiveram por séculos aprisionados.

Cabe a nós reconhecermos esses arquétipos em nós mesmos e trazermos cada um deles à luz novamente.