Conheça cinco mulheres inventoras

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O Mulheres de Luta acredita na mulher e na ciência. Ambas cooperam profundamente para a construção do mundo em que vivemos. Quando esses agentes se juntam, o reagente dessa união são transformações que revolucionam nossas vidas.

A enfermeira Letitia Mumford Geer inventou o modelo base para a seringa moderna. A cientista Nettie Stevens descobriu os cromossomos X e Y, e a relação deles com o sexo biológico. A bioquímica Gertrude Belle Elion recebeu o Nobel de medicina em 1988 por suas contribuições na criação de medicamentos. Virginia Apgar contribuiu para a redução drástica da mortalidade infantil com a Escala Apgar. A cientista Shirley Ann Jackson continua contribuindo à física e às causas sociais.

Conheça 5 histórias de inventoras que o Mulheres de Luta selecionou para você.

Letitia Mumford Geer e a invenção da seringa

Em Nova York, Cornélia Matilda Geer e George Warren Geer tiveram quatro filhos, entre eles Letitia Mumford Geer (1852-1935), nascida em 18 de julho. Letitia tornou-se enfermeira em uma época em que aplicar injeções não era uma tarefa fácil.

Em 1647, o físico e matemático francês Blaise Pascal inventou a seringa, mas o modelo era bem rudimentar. Até meados de 1890, aplicar uma injeção era uma tarefa para duas pessoas.

No entanto, em 12 de fevereiro de 1896, a enfermeira e inventora Letitia Mumford Geer patenteou o modelo de seringa de aplicação por meio de um pistão, facilitando o trabalho de enfermeiros e médicos. O pedido de patente foi assinado por Hubbard W. Mitchell e Eugene Frederick Hoyt como testemunhas, e o documento continha desenhos sobre a forma de utilização do aparelho, além de uma descrição detalhada sobre as instruções de uso. A patente foi concedida em 11 de abril de 1899, numa época em que, nos Estados Unidos, apenas 1% das patentes pertenciam às mulheres.

O modelo proposto por Letitia foi aprimorado ao longo dos anos, mas a contribuição da cientista deu o pontapé inicial para a facilitação do uso de injeções na medicina moderna.

Nettie Stevens e os cromossomos X e Y

A cientista Nettie Stevens (1861-1912) nasceu em 7 de julho na cidade de Cavendish, em Vermont, Estados Unidos. Filha de Julia Adams e do carpinteiro Ephraim Stevens, Nettie perdeu a mãe aos 2 anos de idade. Seu pai se casou novamente e mudou-se para Westford, Massachusetts, onde criou as filhas Nettie e Emma. As irmãs recebiam muito estímulo do pai para os estudos.

Na escola, Nettie destacava-se como uma excelente aluna. Ela e sua irmã foram duas das três mulheres que se formaram na Westford Academy entre 1872 e 1883. Além de ter feito pós-graduação na Westfield State University, fez especialização na Universidade de Stanford em 1896, onde também concluiu seu mestrado em 1900. Seu doutorado foi realizado na Bryn Mawr College, dedicando-se especialmente à pesquisa celular.

Em 1905, Stevens fez uma das maiores descobertas genéticas. A cientista observava o  bicho-da-farinha  (Tenebrio molitor) e percebeu que os machos possuíam células reprodutivas com cromossomos X e Y, enquanto as fêmeas possuíam apenas células com cromossomos X. Isso permitiu que ela concluisse que o sexo biológico é hereditário do fator cromossômico, e que os machos determinam esse sexo. 

Em 1994, Nettie Stevens foi incluída no National Women’s Hall of Fame, uma organização que reconhece as conquistas das mulheres estadunidenses. Em 2017, a Universidade de Westfield inaugurou o Centro de Inovação e Ciências Dra. Nettie Stevens, batizando-o com o seu nome.

Gertrude Belle Elion e o prêmio Nobel de Medicina

“Não tenham medo de trabalho duro. Nada que vale a pena é conseguido facilmente. Não se deixe desencorajar ou que lhe digam que você não pode fazê-lo. No início de minha vida me afirmaram que mulheres não podiam se dedicar à Química. Eu não vi nenhum motivo para não poder.”

Conselho de Gertrude Belle Elion para as meninas.

Gertrude Belle Elion (1918-1999) nasceu em Nova York, onde viveu sua infância em um bairro humilde da cidade. Filha de emigrantes judeus, Elion sempre foi dedicada aos estudos. 

O excelente desempenho de Gertrude Belle Elion na escola pública lhe rendeu uma vaga para ingressar no Hunter College, em 1933. Em 1937, Gertrude conquista o seu bacharel em Química e pouco tempo depois, ingressa no mestrado em Química na Universidade de Nova York, tornando-se a única mulher do curso. 

Após concluir o mestrado, Gertrude começa a trabalhar com George Hitchings em uma das mais importantes empresas da indústria farmacêutica da época, a Burroughs Wellcome, hoje Glaxo Welcome, onde ficou por mais de  40 anos.

A parceria entre Elion e Hitchings revolucionou a ciência com diversas descobertas na área de medicamentos. Para se dedicar exclusivamente a essas descobertas, Gertrude Belle Elion teve que deixar seu doutorado, mas ao longo de sua vida recebeu 25 doutoramentos honorários, além de diversos prêmios em reconhecimento às suas contribuições científicas.

Em 1988, a Academia de Ciências da Suécia concedeu a Gertrude Belle Elion, à George Hitchings, e a Sir James Black, o Prêmio Nobel de Medicina.

Virginia Apgar, e a Escala Apgar

Virgínia Apgar (1909-1974) nasceu no dia 7 de junho em Westfield, em Nova Jersey, Estados Unidos. A mais nova de três irmãos era filha de Helen May e Charles Emory Apgar, um executivo de seguros que também era inventor amador e astrônomo.  

Ela se formou na Westfield High School, em 1925; Mount Holyoke College, em 1929; e na Universidade de Columbia, em 1933.

Na Columbia ela era uma das nove mulheres em uma classe de noventa estudantes. Após a conclusão do curso, Virgínia iniciou um estágio cirúrgico de dois anos no Hospital Presbiteriano, atualmente New York-Presbyterian Hospital da Universidade de Columbia. Apesar de seu excelente desempenho na área, seu mentor Allen Whipple sugeriu que ela buscasse a área de anestesiologia, isso por que com a Depressão, a área de cirurgia não oferecia boas perspectivas econômicas.

Apgar aceitou o conselho e se especializou em anestesia. Anos depois, em 1938, retornou ao Hospital Presbiteriano como diretora de uma nova Divisão de Anestesia do Departamento de Cirurgia, tornando-se a primeira mulher a chefiar uma divisão na instituição. Ela também transformou o serviço de anestesia do hospital em um serviço médico, que antes era destinado a enfermeiros, e instituiu o programa de educação em anestesiologia.

Em 1949, a Divisão de Anestesiologia tornou-se um departamento, e apesar de Apgar esperar sua nomeação como presidente, o cargo foi para Emanuel Papper. Apgar foi nomeada professora titular de anestesiologia, sendo também a primeira mulher a ocupar esse cargo.

Em 1952, Apgar desenvolveu um sistema para avaliar o estado de saúde dos recém-nascidos, com base em diversos dados. O sistema passou a ser conhecido como Escala Apgar, com a qual tornou-se possível o avanço na identificação de problemas congênitos em recém-nascidos. 

Em 1959, a Fundação Nacional March of Dimes, NF, convidou a cientista para chefiar sua nova Divisão de Malformações Congênitas. À frente da instituição, Virginia viajava constantemente para palestrar e ensinar sobre a importância da detecção precoce de defeitos congênitos e a necessidade de mais pesquisas na área. A renda anual da organização mais que dobrou durante o exercício de sua função, mostrando que Virginia foi também uma excelente embaixadora para a NF.

Apgar atuou para inúmeras instituições, publicou mais de sessenta artigos científicos e permaneceu ativa até o fim de sua vida.

Shirley Ann Jackson e a física teórica

Shirley Ann Jackson nasceu em 05 de agosto de 1946 em Washington, D.C, nos Estados Unidos. Filha de Beatrice e George Jackson, Shirley aprendeu logo cedo o valor da educação com o estímulo dos pais.

Aos 18 anos, em 1964, Shirley foi para o MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, fazendo parte das menos de 20 pessoas negras do instituto, além de ser a única em física teórica. Em 1968 conquistou seu bacharelado em física do estado sólido.

Em 1973, Jackson tornou-se a primeira mulher negra a obter um doutorado no MIT, e a segunda mulher negra a conquistar um doutorado em física. 

Durante a década de 1970, Shirley continuou seus estudos pós-doutorado em partículas subatômicas, e em outras áreas, além de ter realizado pesquisas para vários laboratórios de física, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa.

Além de se dedicar à ciência, Shirley também é comprometida com o social. Ela fundou a Black Student Union (União dos Estudantes Negros) que atua com o objetivo de aumentar o número de estudantes negros no MIT. Em um ano, o número de inscritos na instituição foi de 2 para 57.

Ao longo de sua carreira, Shirley Ann Jackson recebeu inúmeras bolsas de estudo e prêmios. Em 1998, foi incluída no National Women´s Hall of Fame (Hall da Fama das Mulheres) por suas contribuições à ciência, educação e políticas públicas.