Especialista em Ciências de Saúde e Antropologia, Denise Nacif Pimenta mescla sua vasta pesquisa sobre as doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti e o enfrentamento às epidemias brasileiras com práticas educativas tecnológicas e saúde pública. Suas linhas de estudo se completam no que tange o bem-estar da população do Brasil. Junto com demais pesquisadores, vem incansavelmente avaliando as dimensões do impacto da pandemia do novo coronavírus na sociedade, com especial atenção ao recorte de gênero e trabalhadores da área da saúde.
Sua trajetória em saúde pública e análises midiáticas discursivas se deu ainda na graduação em Ciências pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), em 2001, ao abordar as representações da doença Leishmaniose em materiais educativos de saúde. Tema que também lhe concedeu o título de Mestra em Tecnologia Educacional nas Ciências da Saúde, pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), dois anos após a conclusão da graduação. No estudo, Denise propôs um projeto de interação da linguagem do documentário com os saberes e práticas populares sobre a Leishmaniose com base em análises e reflexões representativas da doença em documentários e entrevista pacientes de um ambulatório especializado de Belo Horizonte, MG.
Ainda buscando os pontos de como os materiais educativos sobre saúde são disseminados por materiais multimídia, a pesquisadora obteve o grau de doutorado em Ciências da Saúde ao abordar a dengue nos meios tecnológicos de informação e comunicação com o objetivo de “colaborar para o acesso e disseminação da informação em saúde e auxiliar na aprendizagem interativa para profissionais de saúde de nível superior”. No trabalho, concluído em 2008 na Fundação Oswaldo Cruz. Centro de Pesquisas René Rachou, pretendeu-se aumentar o acesso a informações sobre dengue através de TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) com interfaces que atendam a critérios de qualidade e adequação do processo interativo ao interagente.
Pelo trabalho com doenças negligenciadas – causadas por agentes infecciosos ou parasitas e consideradas endêmicas em populações de baixa renda, de acordo com a FioCruz, Denise foi premiada no concurso Young Voices in Research for Health, do Global Forum for Health Research, em 2007.
Em 2015, Denise lançou o livro “Dengue: teorias e práticas”, juntamente com Denise Valle e Rivaldo Venâncio, onde é analisada a doença sob perspectivas que vão além da área da saúde, como educação, comunicação social e saneamento básico. No ano seguinte ao lançamento, a obra venceu o 1º lugar do prêmio ABEU (Associação Brasileira das Editoras Universitárias) e, também, foi finalista do Prêmio Jabuti, área Ciências da Saúde.
Dentre os trabalhos científicos, Denise também estuda as formas como a informação científica é recebida e questionada pela sociedade. Inclusive, nos recentes trabalhos desenvolvidos em conjunto com outros pesquisadores, ela teve artigo publicado oriundo de análise discursiva de um jornal de mídia homogênea sobre o isolamento social durante a pandemia do novo coronavírus.
Desde o ano passado, com a Covid-19 assolando o país, Denise explora os impactos sociais causados pelo vírus, dos profissionais da saúde à população em isolamento, desenvolvendo artigos e pesquisas. Ao The Lancet, ela e Gabriela Lotta, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), escreveram sobre gênero, raça e trabalhadores da saúde na pandemia, na qual têm e tiveram a saúde física e mental prejudicadas ao oferecerem cuidados de qualidade; destacando que as mulheres da saúde, inclusive as mulheres negras, não possuem acesso a equipamentos e treinamento.
Denise chegou a apresentar as dimensões da Covid-19 no Brasil ao The Global Health Network, em julho de 2020, na palestra “Research In Focus – Understanding the gendered dimensions of COVID-19: Experiences from Brazil, Canada, and the United Kingdom”. Ainda no recorte de gênero, ela também participou da construção do artigo “Leituras de Gênero sobre a Covid-19 no Brasil”, desenvolvido com outras nove pessoas pesquisadoras, em que é abordado um panorama dos problemas enfrentados pelas mulheres na pandemia.
Nesse sentido, Denise falou ao Mulheres de Luta sobre as emergências sanitárias, análise de impacto da pandemia na vida das brasileiras, cuidados básicos de proteção e saúde e disseminação de informação, além das medidas que deveriam ser adotadas pelo Estado no enfrentamento da doença.
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