Você sabia que existe um dia dedicado exclusivamente às meninas?
Em 2012, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o “Dia Internacional da Menina”, que ocorre todo dia 11 de outubro. O slogan da campanha de 2020 é “Minha voz, nosso futuro igualitário”.
Diversas pesquisas revelam panoramas preocupantes, em que meninas de 6 a 14 anos precisam arcar com muito mais responsabilidades domésticas em relação aos meninos da mesma faixa etária, podendo sofrer abusos e ser impedidas de ter acesso à escola.
Segundo levantamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), meninas entre 5 e 14 anos passam 40% a mais de tempo realizando tarefas domésticas se comparadas aos meninos, o que equivale a uma média de 160 milhões de horas a mais por dia. Há uma visão baseada nos estereótipos de gênero que faz meninas muito jovens as responsáveis por ajudar a família e cuidar dos irmãos, muitas vezes perdendo a chance de estudar ou aproveitar a infância.
Em situações extremas, como em regiões de conflito, as meninas sofrem maiores riscos de violência sexual e de gênero, podendo ser forçada ao casamento ainda muito jovens e enfrentando a maternidade precoce. A estimativa é de que cerca de 16 milhões de meninas entre 15 e 19 anos engravidam fruto de casamentos precoces, afetando diretamente todos os aspectos de sua vida.
Para comemorar o Dia Internacional da Menina do ano passado, Andrea Wojnar, a representante do Fundo das Nações Unidas para a População, ressaltou em publicação da ONU News como a capacidade de meninas e mulheres de controlar seu próprio corpo é fundamental para seu empoderamento. Direitos reprodutivos, direito à infância, direito à educação, saúde e informação, são aspectos principais defendidos todos os anos nas campanhas em comemoração ao 11 de outubro.
É nessa data que programas como o Rapariga Biz ganham visibilidade. Em uma parceria da ONU com governos de diversos países como Suécia, Reino Unido e Canadá, o programa estima capacitar 1 milhão de meninas e mulheres jovens em Nampula e Zambézia até o final de 2020. Como resultados, o programa calcula que menos de 5% das meninas participantes tenha se casado ou engravidado antes dos 18 anos.
Outros programas semelhantes, como o programa Minha Escolha, financiado pelo governo da Holanda, em Cabo Delgado, e a Iniciativa Spotlight, financiada pela União Europeia, visam a eliminação da violência contra mulheres e meninas, maior prevenção e agilidade de resposta à violência sexual, violência de gênero e casamento prematuro.
O que o Dia Internacional da Menina pretende é dar visibilidade a esses programas e ampliá-los, criando condições às meninas de se tornarem líderes e agentes de sua própria transformação, não apenas beneficiárias passivas de assistência.
Procurando encorajar meninas e mulheres jovens para que façam sua voz ser ouvida, elas são convidadas a participar de campanhas nas mídias sociais e compartilhar suas vivências, experiências e pontos de vista. Um exemplo são as hashtags “HearMeNow” e “TeamGirl”, criadas pelo Movimento Bandeirante e que serão também aplicadas no Brasil. O Movimento irá trazer painéis de discussão e também promover compartilhamento de fotos de cartazes escritos pelas meninas bandeirantes.
O Dia Internacional das Meninas comemora seus oito anos de existência pedindo ao mundo que não vire as costas às meninas, e perceba como as desigualdades de gênero se iniciam quando elas são ainda muito jovens, prejudicando todo seu desenvolvimento psicológico, social e econômico. O mundo possui mais de 1,1 bilhão de meninas que precisam ser lembradas, amparadas e ouvidas.
Porém, longe de clamar por assistencialismo simples e puro, o Dia Internacional das Meninas quer ressaltar como elas são uma força ativa na mudança de suas próprias vidas, precisando apenas de suporte, proteção e oportunidades. Vistas como uma “força imparável” pela ONU, as meninas e seus direitos continuarão sendo reconhecidos nos novos compromissos a serem assumidos. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, por exemplo, dedica o objetivo 5 à conquista de igualdade de gênero e à autonomia de todas as mulheres.
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