Clementina de Jesus foi uma reconhecida cantora e sambista brasileira. Original de Valença, interior fluminense, recebeu de seus pais uma criação com influências da cultura africana e da musicalidade, sendo seu pai violeiro e capoeira. Mudou-se para o Rio de Janeiro ainda criança, recebendo educação religiosa católica e sempre frequentando rodas de samba, inclusive acompanhando o nascimento da escola de samba Portela.
Até os 15 anos, Clementina de Jesus participava do grupo Folia de Reis de Seu João Cartolinha e, após se casar em 1940, foi morar no Morro da Mangueira. Manteve-se trabalhando como doméstica por mais de 20 anos, até que acabou sendo ouvida pelo compositor Hermínio Bello de Carvalho, em 1963, na Festa da Penha, que a levou para fazer turnê com o show “Rosa de Ouro“.
A partir de seu sucesso com o show, Clementina de Jesus passou a fazer participações em discos ao lado de músicos como Pixinguinha. Em 1966, Clementina de Jesus cantou no continente africano e foi enviada a Cannes, na França, como representante da música brasileira. Nesse mesmo ano, gravou seu primeiro disco solo, “Clementina de Jesus“, que foi aclamado por sua voz e capacidade de transmitir emoção.
No total, Clementina de Jesus gravou 13 discos entre solos e participações, destacando sua herança cultural africana e os cantos antigos de escravizados. Símbolo do elo cultural entre África e Brasil, Clementina de Jesus tornou-se reconhecida e reverenciada por grandes nomes da música brasileira, como Elis Regina e Maria Bethânia.
Em 1983, Clementina de Jesus foi homenageada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com apresentações de grandes nomes do samba como Paulinho da Viola e Beth Carvalho. Recentemente, a trajetória de Clementina de Jesus e a importância de sua contribuição para o samba, a cultura negra e africana no Brasil foi revisitada pelo documentário “Clementina“, de 2019, com direção e roteiro de Ana Rieper. Esse resgate da memória artística e cultural de Clementina pode ser conferido na plataforma digital Tamanduá.
