Série documentário produzida pela Lascene | Em exibição no CinebrasilTV
Que tal um encontro com escritoras e personagens femininas da literatura brasileira que, através das letras, eternizaram em prosa e verso questões existenciais, sociais e políticas contundentes que influenciaram o pensamento de sua época e das que viriam depois?
Esta é a proposta da série LITERATURA, SUBSTANTIVO FEMININO, que pretende trazer para a televisão o debate sobre a mulher na literatura, ou mais amplamente do feminino encarado em suas várias manifestações de gênero, seja como objeto de representação, como criadora ou como leitora (crítica ou acrítica). Fará isso mesclando entrevistas, leituras dramatizadas, citações de trechos literários e iconografia, em 13 episódios de 26 minutos.
A literatura é tratada como um campo de exploração da linguagem que, diferentemente do discurso político, não é por natureza engajada. Portanto, o objetivo da série não é de produzir uma obra militante e restrita à produção literária dita feminista, mas dar voz às demandas internas individuais, subjetivas, de diferentes ordens, de escritoras brasileiras que aderiram à escrita criativa ou expressão literária, do século XIX aos dias atuais, em toda a sua diversidade.
Assista ao trailer da série LITERATURA, SUBSTANTIVO FEMININO
Confira as sinopses:
Eps. 1 – Ser mulher
“Quantos olhos cabem numa mulher?”, nos pergunta Noemi Jaffe, no primeiro episódio da série “Literatura, Substantivo Feminino”, que traz também a internalização da escrita feminina de Sandra Niskier e de Conceição Evaristo; a ancestralidade de Eliane Potiguara; o orgulho de ser mulher de Marina Colasanti; a crítica social de Luísa Lobo sobre a construção do feminino e o reforço de Dalva Martins de Almeida sobre a importância de termos na literatura o olhar diverso, com suas mais variadas referências.
Eps. 2 – Caçadoras de borboletas
O segundo episódio da série “Literatura, Substantivo Feminino” mostra como a vivência pessoal de Meimei Bastos influencia em sua escrita. Na escrita de Ana Maria Machado, encontra-se a disciplina e o caos, e em Lya Luft a escrita vem em espirais. Stella Maris Rezende não planeja suas histórias, a escrita a faz descobrir o que escrever. Cristiane Sobral escreve todos os dias, Conceição Evaristo sente que a escrita vem em uma pulsão. Susana Fuentes fala sobre a fluidez da escrita e Lilian Fontes em sua atenção à sintaxe. Marina Colasanti fala da importância de se ter um projeto literário.
Eps. 3 – Personagens
As escritoras compartilharam suas experiências sobre a construção de suas personagens no terceiro episódio da série “Literatura, Substantivo Feminino”. Essa construção pode surgir de uma pesquisa, como ocorre nos processos de Lilian Fontes, ou na observação atenta de Alice Ruiz, nas memórias de Conceição Evaristo, na doação de órgãos que ocorre no processo de criação Miriam Alves, no encontro consigo mesma de Lúcia Bettencourt, na atenção ao vocabulário das personagens de Beatriz Bracher, no exercício de se colocar no lugar da personagem que Nélida Piñon realiza e na aproximação intuitiva de Carola Saavedra, ou ainda, na junção de todas! O que sabemos é que são as personagens que nos convidam a viajar pela história.
Eps. 4 – Primeiras letras
No quarto episódio da série “Literatura, Substantivo Feminino”, as escritoras falam sobre as suas primeiras letras, não necessariamente as que produziram, mas as que impactaram suas vidas e as levaram para a aventura literária. Vamos revisitar a narrativa oral das histórias que eram contadas para as meninas Ana Maria Machado e Miriam Alves. A ancestralidade indígena se faz presente nas memórias de Márcia Kambeba e Eliane Potiguara. Nélida Piñon queria ser escritora para viajar mundo afora e colecionar histórias. Conceição Evaristo lia, desde cedo, os olhos úmidos de sua mãe. Susana Fuentes divide a sua paixão pela sonoridade das palavras.
Eps. 5 – Primeiras publicações
Nélida Piñon relembra as dificuldades que enfrentou no início de sua carreira e em como foi exigente não só com sua escrita como com relação à publicação de seu primeiro livro. Stella Maris Rezende conta que lançar os primeiros livros, em geral, é o mais difícil. Natália Borges Polesso reconhece a importância que um prêmio traz à vida de uma escritora. Saiba mais sobre essas e outras histórias no quinto episódio da série “Literatura, Substantivo Feminino”, no qual as escritoras narram suas vivências com relação às suas primeiras publicações.
Eps. 6 – Formação do leitor
No sexto episódio da série “Literatura, Substantivo Feminino”, a escritora e ilustradora Anabella López defende a formação de leitores de texto visual e Rosinha reforça que a alfabetização visual é fundamental para criar um leitor mais crítico. Stella Maris Rezende fala sobre a influência das novas mídias digitais na formação do leitor. Ana Maria Machado revela seu cuidado ao selecionar as referências adequadas às crianças, para que elas possam mergulhar em sua literatura. Para Lya Luft a inteligência da criança não pode ser ignorada ao escrevermos algo para ela. Já Marina Colasanti busca fugir do óbvio em seus livros.
Eps. 7 – Literatura para crianças
No sétimo episódio da série “Literatura, Substantivo Feminino”, Ana Maria Machado conta que o livro “O Menino Pedro e seu Boi Voador” partiu da interação de Pedro, filho da escritora, com o amigo imaginário boi bumbá. Descobrimos também que a neta de Lya Luft, Isabela, descia à noite para o andar da avó para viver a história da bruxa boa disfarçada de avó, e da neta aprendiz de bruxinha, que deram origem ao livro “Histórias de Bruxa Boa”. Para Heloisa Pires Lima, é preciso trazer um vocabulário acessível, mas ao mesmo tempo a escrita não pode ser facilitada, como reforça Susana Fuentes. A neta de Stella Maris Rezende, Beatriz, concorda, afinal ela adora buscar o significado de palavras desconhecidas dos livros que lê.
Eps. 8 – Temas delicados
No oitavo episódio da série “Literatura, Substantivo Feminino”, Cidinha da Silva fala da importância de uma literatura de autoria negra, a fim de buscarmos sentidos positivos para a existência do corpo negro. Conceição Evaristo traz mulheres negras como protagonistas em suas obras e aborda outras violências sofridas pela mulher, além da agressão física. Lilian Fontes lembra o quanto retratar um estupro em um conto mexeu consigo, bem como Beatriz Bracher, que se empenhou em mergulhar nos sentimentos mais conflitantes pelos quais uma mulher pode passar em uma situação de abuso. Para Stella Maris Rezende, os temas sempre são delicados e complexos, porque a vida é complexa.
Eps. 9 – Mulheres Negras
Conceição Evaristo fala sobre a influência da mãe em seu processo criativo, no nono episódio da série “Literatura, Substantivo Feminino”. Meimei Bastos reconhece a importância de seus ancestrais, que abriram caminho para que sua escrita pudesse ser exercitada hoje.Cristiane Sobral entende que se afirmar enquanto mulher e escritora negra é, também, uma estratégia de sobrevivência. Da poesia que declamava aos amigos, Neide Vieira foi para seu primeiro Slam, mas o maior prêmio foi poder compartilhar vivencias junto a outros negros e negras que se reconhecem em sua poesia.
Eps. 10 – Envelhecer
No décimo episódio da série “Literatura, Substantivo Feminino”, as escritoras falam sobre a maturidade, a sabedoria, a tranquilidade, o tempo, a morte e o estado de felicidade. Nélida Piñon revela que acha envelhecer difícil, porque você passa a ser dona de um corpo que não era o teu corpo, quando a sua imaginação ainda é jovem. Para Alice Ruiz, a idade ou a proximidade da morte nos faz parar de perder tempo com bobagens. Lya Luft lamenta as perdas que a passagem do tempo traz e Ana Maria diz que enxerga cada dia como um presente. Marina Colasanti revela que não tem saudade de nada, que não é caranguejo e não quer andar para trás.
Eps. 11 – Corpo
No décimo primeiro episódio da série “Literatura, Substantivo Feminino”, três assuntos principais se desdobraram do tema “Corpo”: o corpo como discurso, o corpo negro e a literatura erótica. Ana Maria Gonçalves fala sobre a invisibilidade e a visibilidade do corpo negro. Ela relembra que esse foi um corpo destituído de sua liberdade. Cristiane Sobral explica a questão do “cabelo crespo” para as mulheres negras brasileiras. Marina Colasanti trabalha com o corpo em sua escrita, independente do tema de sua obra. Seu foco está no desejo, no corpo que deseja e sente, importando a ela muito mais os sentimentos de suas personagens e como isso se reverbera no corpo.
Eps. 12 – Mercado literário
A série “Literatura, Substantivo Feminino” traz o “Mercado Literário” como tema do décimo segundo. A pesquisadora Virgínia Vasconcelos aponta a desigualdade de gênero no mercado editorial. Eliane Potiguara observa que os leitores consomem livros com maior apelo comercial. Susana Fuentes aponta que novas formas de chegar ao leitor são hoje uma possibilidade de abalar essa estrutura de mercado. Anabella Lopez fala sobre a ocupação de novos espaços, em relação com a temática da obra. Para a pesquisadora Gislene Maria Barral, as tecnologias contemporâneas podem oferecer ainda mais possibilidades e facilidades. Nélida Piñon reconhece pontos positivos e negativos em se explorar a internet. Lúcia Hiratsuka percebe que, hoje em dia, não é tão difícil publicar um livro, mas é preciso persistência.
Eps. 13 – Autoria feminina
No último episódio da série “Literatura, Substantivo Feminino”, a pesquisadora Anélia Pietrani fala sobre a existência de uma escrita de autoria feminina e Meimei Bastos contesta os clichês atribuídos ao feminino. Nélida Piñon, Regina Dalcastagnè, Virgínia Vasconcelos, Ana Maria Machado e Beatriz Bracher não diferenciam a escrita da mulher da escrita de um homem. Natália Borges Polesso provoca uma reflexão sobre o que seria o feminino e o masculino. Susana Fuentes observa que é possível encontrar personagens femininas bem construídas, complexas e fora do clichê, em obras de autores homens. Para Heloísa Buarque de Hollanda, a autoria feminina tem contribuído para o surgimento de um novo estilo.
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