Luciana Chianca

Luciana de Oliveira Chianca se graduou em Ciências Sociais e, desde o final dos anos 1980, vem estudando sobre cultura popular e o patrimônio cultural brasileiro, com ênfase nos festejos que acontecem durante o mês de junho. Ela levou suas pesquisas até o país que é banhado pelo Atlântico Norte e o Mar Mediterrâneo: a França. Hoje, atua como professora Associada do Departamento de Ciências Sociais da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), contribuindo no programa de pós-graduação em Antropologia da Universidade paraibana; além de ainda se aprofundar nas observações sobre as dinâmicas culturais urbanas da sociedade brasileira contemporânea.

Antes que passasse a coordenar o Projeto PAMIN (Patrimônio, Memória e Interatividade) e ter sido consultora do Banco Mundial sobre Projeto Piloto de TV Digital Interativa no Brasil, em 2013, a antropóloga traçou seu caminho acadêmico focada nas transformações que envolvem os territórios rurais e cultura globalizada. No Pamin, Luciana está a frente do projeto que busca “promover a inclusão sociocultural de grupos socioeconômicos desfavorecidos (minoritários) no mundo digital, através da construção de uma plataforma digital (plataforma PAMIN) proporcionando o protagonismo dos atores artísticos culturais contemporâneos socialmente ‘periféricos’”, desde 2012.

O início de sua linha de pesquisa se deu em 1991, ao conquistar o título de mestra em Sociologia pela UFPB, escrevendo sobre a Festa de São João. Antes de ingressar no doutorado, Luciana chegou a publicar artigos sobre os festejos, discorrendo sobre as quadrilhas juninas, tradição e reinvenção do São João no Nordeste e as celebrações que acontecem em Natal.

Em 1999, já na França, a pesquisadora se aprofundou na temática envolvendo as identidades das festas de São João, em Natal; onde “apresenta as comemorações religiosas relativas ao São João (ou ciclo junino) brasileiro que se inicia na véspera do dia de santo Antônio (12 de junho) e se estende até o dia 29 do mesmo mês (dia de são Pedro)”, lhe garantindo o título em Etnologia em 2004, pela Université Victor Segalen- Bordeaux 2.

Dado aos projetos e pesquisas desenvolvidos, Luciana recebeu três prêmios: o primeiro, em 2006, pelo ABA Ford Projetos Inovadores no Ensino da Antropologia; o segundo, em 2009, por atuação junto a crianças e adolescentes de Natal, pela Fundação Fé e Alegria do Brasil; e o Prêmio Rodrigo Melo Franco – etapa estadual, em 2016, pelo IPHAN-PB (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

No que tange às análises sobre os festejos juninos, Luciana teve artigo publicado em 2018, na Revista Mundau, abordando o universo rural nas cidades, a movimentação do mercado e o espetáculo que dialoga com a política e o mercado e a presença crescente das mídias nas festas juninas.

Luciana Chianca frisa que as festas juninas são objeto de memória e afeto. É um período carregado de signos que dialogam o antigo e a contemporaneidade em conjunto com os regionalismos a festa é “ancorada na cultura popular e associada às nossas memórias, aos nossos afetos, aos nossos vínculos mais profundos”.

Ela foi convidada ao Mulheres de Luta para falar sobre os aspectos histórico-sociais dos festejos, que vão além dos quitutes e das caracterizações. Durante a pandemia da Covid-19, por exemplo, ela explica que as pessoas precisaram se reinventar com os recursos que tinham à disposição, mas que essa transformação também faz parte das modificações naturais das festas. E que as festas não se perdem, apenas se reinventam: “É preciso se reinventar, como nós, na vida, precisamos nos reinventar. Nesse contexto de pandemia, não é a festa que se reinventa, são as pessoas que tiveram que reinventar a festa. A festa sozinha não existe”.