Hildete Pereira de Melo fala sobre a invisibilidade das mulheres cientistas. Segundo a economista, ninguém ganha o Nobel de ciência abaixo do Equador. A ciência é cravada: eurocêntrica, branca e masculina.
Trecho transcrito: Se eu perguntar para a sociedade, cite o nome de uma cientista, se for bem instruído, vai dizer Madame Curie. Se for bem instruído. Senão, não saberá o nome de uma cientista. A radioterapia onde a humanidade inteira cura os canceres, é invenção da Madame Curie. A Madame Curie ganhou dois Nobel. O primeiro, ela dividiu com o marido e mais um outro pesquisador. Só o segundo, porque o marido dela já tinha morrido, ela ganhou sozinha. Eles não tiveram como não dar o Nobel para ela.
Mas no caso brasileiro, as pessoas nem sabem que a gente só produz soja e só nos tornamos o segundo produtor de soja do mundo, e o serrado brasileiro só produz e tornou o Brasil esse grande exportador do agronegócio (algodão, soja), porque uma mulher comandava um laboratório aqui na Universidade Federal Rural, em uma pesquisa em conjunto com a AMBRAPA, pesquisou e conseguiu que o serrado brasileiro que não era agricultável se tornasse agricultável, e essa expansão da soja. Johanna Döbereiner ganharia o Nobel se ela tivesse pesquisado nos Estados Unidos. Como ela pesquisou no Brasil, ninguém ganha prêmio de Ciências abaixo do Equador. A gente só ganha prêmio de Literatura ou da Paz. Para você ver como a Ciência também é cravada, né? É eurocêntrica, branca e masculina.
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