Violência contra a mulher

Saiba como agir quando você é a vítima

O isolamento social, decorrente da pandemia da COVID-19, agravou a situação das mulheres vítimas de violência doméstica. Como na maioria das vezes o agressor é o companheiro ou ex, para muitas delas, a casa não é um ambiente acolhedor.

O isolamento é necessário, sim, em função da pandemia. Porém, essa situação faz com que as mulheres, vitimadas pela violência, sejam obrigadas a conviver durante mais tempo com seu agressor.

O número de chamadas telefônicas aumentou desde que a quarentena passou a vigorar. Mas a tensão em casa é motivada não só pelo confinamento, mas também por problemas financeiros e pela sobrecarga quanto ao cuidado da casa e dos filhos.

Selecionamos algumas dicas para que mulheres vítimas de violência doméstica saibam como agir.

Acontece com muitas de nós

Você pode pensar que outras mulheres não entendem o que você está passando, mas saiba que é o contrário. As profissionais que atuam nos equipamentos de apoio à mulher entendem o ciclo de violência que as vítimas enfrentam.

Nesse ciclo, o agressor alterna fases em que fica gentil e outras em estado agressivo. Ora está “tudo bem”, até o momento em que começa a humilhação e os xingamentos. A agressividade aumenta gradativamente, até que chega ao ponto de deixar o seu braço roxo de tanto apertar. A violência tende a se agravar depois disso: tapas, socos, estupro marital. E muitas vezes o fim da história é o mais trágico, o feminicídio.

Depois de um ciclo de agressões ele volta ao início. Você pode acabar com isso, e saiba que não precisa e nem deve agir sozinha.

Existem dois principais canais que você pode acionar se for vítima de violência, são o 190 e o 180.

O 190 pertence à polícia, e é ideal para casos em que a agressão esteja acontecendo no momento. Assim, a polícia ao ser acionada tem a possibilidade de atuar em flagrante, dificultando a situação para o agressor.

Se a violência tem ocorrido de forma recorrente, você também pode acionar a polícia. No entanto, se por alguma razão você ainda está com medo de fazer isso, você pode ligar para o 180.

O número 180 pertence à Central de Atendimento à Mulher que também presta auxílio psicossocial e judicial à vítima. A ligação pode inclusive ser anônima.

Aconselhamento para Mulheres Vítimas de Violência

  1. Não se isole

A violência física não vem sozinha, ela vem junto à violência psicológica. O agressor tenta sempre culpabilizar a vítima e ao mesmo tempo isolá-la.

Sem amigos e familiares por perto fica mais difícil obter ajuda. Isto é, fica mais fácil para ele dominar você. Ao mesmo tempo, é importante escolher bem em quem confiar.

Tenha sempre alguém a quem possa recorrer, alguém em quem você confie e que esteja sempre conectada ao celular e internet, para quem você possa acionar caso precise de ajuda. É importante manter sempre essa pessoa informada sobre o que acontece em sua casa.

  1. Atenções Especiais

Pode parecer bobagem, mas é importante deixar o seu celular sempre carregado e, se possível, com internet. Para se sentir mais segura, combine um código de emergência com aquela pessoa de confiança, pode ser um sinal, palavra ou emoji que você envia pelo WhatsApp.

  1. Denuncie e Busque Ajuda

Em uma emergência, ligue para o 190 e a polícia chegará ao local da agressão. Após fazer um boletim de ocorrência, peça uma medida protetiva. Dependendo da situação, o policial pode pedir exames periciais para começar a investigação.

Já o canal 180 funciona 24 horas, a ligação é anônima e deve ser acionada em casos de violência contínua. É também o canal certo para você que precisa de orientações jurídicas e psicológicas.

Sinal Vermelho para a Violência contra a Mulher

Você também pode pedir ajuda de forma silenciosa. O sinal em “X” feito com batom vermelho ou outro material na palma da mão, é o sinal que você utiliza para pedir ajuda na farmácia.

Existem diversas farmácias cadastradas na campanha e o número tem aumentado.

Ao mostrar o X ao atendente, ele vai pegar seus dados: nome, endereço e telefone. Ele também vai te conduzir a um espaço reservado na farmácia.

O atendente vai ligar para o 190 e acionar a Polícia enquanto você aguarda.

Mas, você pode pedir para que ele não chame a polícia naquele momento. Quando você sair, ele ligará para a polícia e passará os seus dados.

O que eu fiz para merecer isso?”

A frase acima reverbera no pensamento de cada mulher vítima de agressão. A resposta é nada. Você, absolutamente, não é culpada, não fez nada para ter acontecido isso. E não merece isso e o que aconteceu, definitivamente, a culpa não é sua.

Assista às entrevistas realizadas sobre o tema: